Federação Da Agricultura e Pecuária Do RN Visitou Cinco Cidades Do Estado. Em Pauta: Averiguação Dos Problemas Gerados Pela Estiagem e a Inexistência de Oportunidades de Trabalho e Renda.
Neste final de semana, uma equipe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (FAERN) visitou cinco municípios das regiões Central, Oeste e Seridó do estado para constatar os efeitos da seca. O imprensa acompanhou o trabalho. A expedição foi a Lajes, Santana do Matos, Apodi, Pau dos Ferros e Caicó. E, em todos estes municípios, os produtores rurais reclamaram da falta de mão de obra para a atividade no campo.
De acordo com os produtores, auxílios pagos pelo Governo Federal têm ajudado a combater a fome, principalmente em épocas de estiagem. No entanto, esta mesma ajuda, principalmente recursos pagos pelo 'Bolsa Família' e 'Salário Maternidade', também têm contribuído para que os trabalhadores desistam das atividades rurais.
O Salário Maternidade da Segurada Especial é o auxílio que mais contempla os agricultores de subsistência do interior do Estado. De acordo com informações da FAERN, as mães recebem quatro salários mínimos divididos em quatro meses seguidos após a solicitação do benefício.
Antônio Arruda da Cunha, o 'Antônio da Volta', é lacticultor de Santana do Matos, cidade distante 191 quilômetros de Natal. Ele disse que perdeu quase metade dos colaboradores que o auxiliavam nas atividades que ele desenvolve na fazenda. “Eles preferem viver do dinheiro das bolsas que o Governo Federal paga”, afirmou.
Com a escassez de água para o plantio de capim para alimentar o gado, os produtores utilizam alternativas para tentar deixar o rebanho vivo. É comum o uso de farelos de grãos, palma forrageira e xiquexique queimado. Porém não está sendo fácil conseguir trabalhadores para carregarem caminhões com os alimentos e atuarem na queima do xiquexique e alimentação do gado. Antônio da Volta disse que tem 30 pessoas em sua fazenda que fazem os serviços a um preço de R$ 50 por dia. “Mas eu já tive 60 pessoas trabalhando pra mim. Ninguém mais quer ir pra lida”, disse.
A cidade de Apodi, distante 328 quilômetros da capital potiguar, possui metade da população vivendo na zona urbana e a outra metade na zona rural. E, como relatou o pecuarista Aldo Lobo, mesmo assim há uma grande dificuldade para encontrar trabalhadores. “Precisamos de políticas públicas para os produtores”, reclamou.
Em Caicó, o pecuarista Raimundo Nóbrega, dono da Fazenda Pedreira, também reclamou da escassez de gente para trabalhar no campo. Ele disse que um de seus colaboradores o afirmou que iria largar o trabalho para viver do benefício do Salário Maternidade. “Ele disse que ia fazer mais filhos para aumentar o dinheiro”, revelou. Raimundo Nóbrega vai levar o rebanho para uma propriedade dele no Pará, para evitar a perda de todas as cabeças de gado. Ele possuía 1.200, mas a seca matou 500 dos animais. O pecuarista afirmou que somente com uma política de incentivo monetário aos produtores rurais, o Governo do Estado pode auxiliar no combate aos problemas provocados pela seca. “Só com financiamento com juros mais baixos e preços de alimentos para os animais também menores”, explicou.
Os produtores rurais também disseram que não compensa o cadastro na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o recebimento do grão, pois a quantidade não é suficiente. (Fonte G1)
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