quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Jorge Amado: 100 Anos a Escrever o Brasil.

Fitinhas Do Bonfim Em Lisboa Com Frases Dele, No Centenário De Um Nome Grande Da Língua Portuguesa.
               Em Lisboa, na Casa dos Bicos, vão estar fitinhas do Bonfim com frases de Jorge Amado. Serão distribuídas ao público na evocação do escritor baiano a que se associa nesta sexta-feira a Fundação José Saramago com palavras, música e capoeira. O escritor brasileiro, um dos nomes grandes da língua portuguesa, nasceu faz 100 anos. No Brasil culmina agora um ano dedicado à memória de Jorge Amado, que começou quando passaram 10 anos sobre a sua morte, em agosto de 2001. Espetáculos, debates, relançamento de livros, os «Capitães da Areia» adaptados a filme e um remake da novela «Gabriela Cravo e Canela» a passar atualmente no Brasil mantêm vivo o escritor que ajudou a construir a identidade do Brasil.
             Nascido a 10 de agosto de 1912, Jorge Amado era filho de um fazendeiro de cacau do sul da Baía, estudou em bons colégios e formou-se em direito, mas escreveu desde sempre sobre temas e personagens populares. Falava de meninos da rua, de injustiças sociais, de mulheres sensuais, das crenças do Brasil mestiço, numa escrita simples e cheia de ironia.
            Essa começou por ser a sua grande diferença, dizem os estudiosos. Os seus livros mostravam o Brasil de raízes africanas, até aí afastado do discurso vigente. «O Brasil sempre foi carente de uma filosofia própria e Jorge Amado criou as principais chaves para entender o Brasil», diz a Lusa o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Muniz Sodré: «Jorge Amado dá continuidade, através da literatura, à luta afirmativa de um povo e confere soberania à raça negra no Brasil.» 100 anos a escrever o Brasil, como resume a sua fundação, numa idéia que serve de mote às comemorações do centenário.
          Continuou a escrever, sempre. Foi traduzido em 49 línguas e publicado em 55 países, estima-se que tenha vendido mais de 20 milhões de livros. Muitas das suas obras foram adaptadas a cinema e televisão. Ganhou inúmeros prémios literários, foi muitas vezes apontado como candidato ao Nobel.
          De resto, Jorge Amado gostava da vida, e de viver. É esse homem que recorda António Lobo Antunes, numa crônica publicada em 2005 na Visão e agora recuperada pela revista: «Espontâneo como um menino entregava-se sem condições: na minha idéia era irmão das suas melhores personagens

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