Fitinhas Do Bonfim Em Lisboa Com Frases Dele, No Centenário De Um Nome Grande Da Língua Portuguesa.
Nascido a 10 de agosto de 1912, Jorge Amado era filho de um fazendeiro de cacau do sul da Baía, estudou em bons colégios e formou-se em direito, mas escreveu desde sempre sobre temas e personagens populares. Falava de meninos da rua, de injustiças sociais, de mulheres sensuais, das crenças do Brasil mestiço, numa escrita simples e cheia de ironia.
Essa começou por ser a sua grande diferença, dizem os estudiosos. Os seus livros mostravam o Brasil de raízes africanas, até aí afastado do discurso vigente. «O Brasil sempre foi carente de uma filosofia própria e Jorge Amado criou as principais chaves para entender o Brasil», diz a Lusa o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Muniz Sodré: «Jorge Amado dá continuidade, através da literatura, à luta afirmativa de um povo e confere soberania à raça negra no Brasil.» 100 anos a escrever o Brasil, como resume a sua fundação, numa idéia que serve de mote às comemorações do centenário.
Continuou a escrever, sempre. Foi traduzido em 49 línguas e publicado em 55 países, estima-se que tenha vendido mais de 20 milhões de livros. Muitas das suas obras foram adaptadas a cinema e televisão. Ganhou inúmeros prémios literários, foi muitas vezes apontado como candidato ao Nobel.
De resto, Jorge Amado gostava da vida, e de viver. É esse homem que recorda António Lobo Antunes, numa crônica publicada em 2005 na Visão e agora recuperada pela revista: «Espontâneo como um menino entregava-se sem condições: na minha idéia era irmão das suas melhores personagens.»
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