quinta-feira, 16 de junho de 2011

Todo Ano Tem Romaria da Baixa Rasa Na Cidade do Crato/Ce.

A Tradição do Vaqueiro Nordestino Têm Se Disseminando Em Todas As Partes da Região Nordestina. No Crato, Grupos Folclóricos e Vaqueiros Se Apresentam Numa Demonstração de Fé na Cruz da Baixa Rasa.
Foto Cedida de Elizângela Santos.
Grupos folclóricos e vaqueiros se encontram numa demonstração de fé na cruz da Baixa Rasa -  Numa Demonstração da 
Tradição que remonta há 200 anos leva grande número de vaqueiros e grupos folclóricos a local de devoção popular


                          Crato. Centenas de cavaleiros saem de casa todo ano, no mês de Janeiro, logo cedo, para cumprir mais um dia de tradição e fé. É a Romaria da Santa Cruz da Baixa Rasa, que acontece há mais de 200 anos na Floresta Nacional do Araripe. A festa tem o acompanhamento dos agentes ambientais para os devidos cuidados com a natureza. Um clarão aberto no meio da mata densa e o destaque de uma pequena coberta com uma cruz pintada de azul embaixo. Homens e mulheres acendem suas velas. Uma missa é celebrada com a chegada dos cavaleiros.
                          Ainda de madrugada os cavaleiros partem de várias partes do Cariri e até de Pernambuco. É na divisa entre os dois Estados, na Baixa Rasa, que morreu de fome e sede um vaqueiro. Dias depois o corpo foi encontrado ao lado do cavalo magro, que continuou ao lado do dono. O local passou a ser reverenciado pela fé popular. A fé do sertanejo faz com que a originalidade da festa da Cruz da Baixa Rasa se mantenha, dentro do seu caráter religioso e festivo. São cerca de 400 vaqueiros que participam todos os anos do cortejo e missa, ao meio-dia. O percurso é feito em duas horas. Com santos nas mãos e o gibão de couro, os homens simples sobem a serra.
                         Desde cedo crianças decidem acompanhar os pais. Uma forma de não deixar morrer os costumes. São os filhos dos vaqueiros. Há aqueles que preferem ornamentar o seu animal. O vaqueiro Inaldo Antônio de Amorim participa há mais de 12 anos. Ele vai com a esposa e filhos pequenos. Ainda sai animando os grupos para não deixar a tradição cair. O vaqueiro destaca a alegria das pessoas ao fazer parte da romaria. Alguns dias antes acontecem às escolhas da Rainha da Baixada e da Rainha do Vaqueiro. As escolhidas saem na frente, numa charrete. Em seguida, os vaqueiros, todos caracterizados à frente do cortejo, com as imagens de Nossa Senhora Aparecida e a de São Jorge. A concentração em frente à igreja do Sítio Lameiro, em Crato, acontece desde cedo. Os gritos de aboio animam os integrantes.
                          Em cima da serra, os moradores da Baixa Rasa chegam logo cedo. As barracas com bebidas e comidas típicas são montadas. Na entrada da estrada de chão batido, os agentes ambientais controlam a entrada para não deixar entrar muitos veículos. Grande parte das pessoas percorre mais de dois quilômetros a pé, mata adentro, até chegar na localidade.
                         O vaqueiro desconhecido, que morreu provavelmente no ano de 1877, ficou perdido em meio à floresta. A animação fica por conta das comidas e bebidas típicas e dos grupos de cultura popular, fazendo reverência à santa cruz dando um tempero especial à tradição. Aos que chegam depois de dois quilômetros de caminhada dentro da Floresta Nacional do Araripe, a satisfação de cumprir mais um ano de reza, com vela acesa, cumprindo o ritual e conservando a originalidade de um festejo secular.

 ELIZÂNGELA SANTOS
Jornal Diário do Nordeste

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